quarta-feira, 15 de abril de 2009

RIO ROCK CITY

Mascarados do Kiss transformam templo do samba em rebuto do rock

Um dos grandes momentos do espetáculo quando o baterista literalmente flutua.


Na noite do último dia 8 de Abril a cidade do Rio de Janeiro recebeu uma das mais lendárias bandas de hard rock de todos os tempos. Os americanos do Kiss que estão comemorando 35 anos de carreira em 2009. O público mesmo sendo abaixo do esperado, cerca de 10 mil pessoas (que nem de perto lembra os mais de 200 mil que lotaram o Maracanã em 1983, recorde de público da banda até hoje), não decepcionou. Fãs de várias as idades (de crianças até senhores), homens e mulheres, tinham os rostos pintados como os ídolos, como se pelo menos naquela noite eles pudessem ser os clássicos personagens “The Starchild”, “The Demon”, “Space Man” e “The Catman” interpretados nos palcos respectivamente por Paul Stanley (vocais e guitarra rítmica), Gene Simmons (vocais e baixo) Tommy Thayer (guitarra solo e vocal de apoio) e Eric Singer (vocais e bateria).

Quando a banda de abertura Libra subiu ao palco pouco depois das oito horas da noite, não agradou muito ao público. É algo inacreditável colocar uma banda de rock gótico para abrir o show de uma lenda do Hard Rock como o Kiss. A proposta dos caras é interessante, com letras em português, mas não combinava com a noite, pior ainda pelo fato deles terem sido chamados em cima da hora e consequentemente não terem conseguido passar o som. Essa é mais um dos vários equívocos já cometidos por produtores brasileiros em shows internacionais (quem não se lembra do Carlinhos Brown sendo execrado pela platéia que queria ver o Guns N’ Roses no Rock in Rio 3 em 2001)

As verdadeiras estrelas da noite subiram ao palco pontualmente as 21 e meia, depois de "Won't Get Fooled Again" do The Who como introdução. Uma imensa cortina com o nome da banda tampava o belissimo palco, que ostentava ao fundo o letreiro escrito Kiss, que piscava durante todo o show, nos dois lados do palco haviam lança-chamas que diversas vezes foram acionados, esquentando ainda mais o show e ainda três telões, um em cada ponta e outro no centro, para quem tava longe poder conferir melhor. Antes da cortina cair ouviu-se a tradicional frase do começo dos shows: “All right, Rio, you wanted the best... you got it! The hottest band in the world: KISS” (algo como “Tudo bem Rio, vocês querem o melhor... vocês terão! A banda mais quente do mundo: KISS”). E o show começou com a poderosa “Deuce”, sendo sucedida por vários clássicos do primeiro Alive (1975). No final de “Hotter Than Hell”, Gene Simmons literalmente cuspiu fogo, levando a galera ao delírio.

Nem a chuva que começou tímida depois de “Parasite” e foi apertando desanimou o público, que cantava todas as músicas junto com o Kiss. Boa parte dos que cantavam não eram nem nascidos na primeira, e até então última, vez que roqueiros mascarados vieram ao Rio. Por isso havia um grande frenesi a cada música executada e em momentos especiais do show. Como no solo de Tommy Thayer, quando a sua guitarra atira fogos, em um momento clássico igual a cuspida de Gene, que nada ficou devendo ao Spaceman original Ace Frehley. Outro grande momento foi o solo de bateria após “100.000 Years”, não tão bom como seu xará Eric Carr (que morreu de câncer em 91), mas com certeza superior ao baterista original Peter Criss, Eric Singer mostrou boa técnica e prendeu o público principalmente na hora em que ele flutua acima de seus colegas de banda, envolto por uma névoa cenográfica.

Seguindo fielmente o setlist dos shows anteriores, ao fim de “Black Diamond”, foi a vez daquele que é o maior hino da banda e de todo rock n’ roll: “Rock and Roll All Nite” foi tocada sob uma chuva de papél picado, que só foi possível porque a de água já tinha dado uma trégua. Fogos de artificio enfeitaram ainda mais a noite e deram mais brilho ao espetáculo, mais que um show, aquilo era um espetáculo.

E como o espetáculo não pode parar, eles voltaram para o bis e o vocalista/guitarrista Paul Stanley veio segurando uma enorme bandeira do Brasil, fazendo a alegria da platéia. Realmente eles sabem como cativa-la. Gene Simmons voltou com o seu famoso baixo imitando um machado. Era hora de tocar as músicas que não fizeram parte do primeiro Alive. “Shout It Out Loud”, “Lick It Up” (faixa título do primeiro álbum do Kiss sem máscara em 1983), “I Love It Loud”. Pausa para o solo de Gene Simmons, que chama mais atenção pelo visual, com “The Demon” cuspindo sangue no final do que propriamente pela técnica, nem é preciso dizer que a galera foi ao delírio. “I Was Made For Lovin' You” veio em seguida e “Love Gun”, que era para vir logo em seguida foi retirada do setlist muito provavelmente pelo fato da tirolesa, que levaria os membros da banda para um palco alternativo no meio da platéia, ter sido inutilizada por causa da chuva. Nada que estragasse essa grande noite que ficará marcada na memória de cada fã ali presente.

Para fechar com chave de ouro, eles tocaram “Detroit Rock City”, com um verdadeiro show de fogos de articios anunciando o fim do espetáculo. Naquela altura, a cidade do Rio também poderia ser considerada uma verdadeira cidade do rock, com seu epicentro localizado justamente no templo do Carnaval carioca.

Setlist:

1- Deuce;
2- Strutter;
3- Got To Choose;
4- Hotter Than Hell;
5- Nothin' To Loose;
6- C'Mon And Love Me;
7- Parasite;
8- She / Tommy Thayer (Solo);
9 - Watchin' You; 10 - 100.000 Years / Eric Singer (Solo);
11 - Cold Gin;
12 - Let Me Go Rock N Roll;
13 - Black Diamond;
14 - Rock And Roll All Nite.

BIS:

15 - Shout It Out Loud;
16 - Lick It Up;
17 - I Love It Loud;
18 - I Was Made For Lovin' You;
19 - Detroit Rock City.

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